Quem se importa com a UNE? |
Enviei essa postagem como comentário a um debate sobre a UNE no Blog do Nassif.
Há muito tempo que a discussão sobre a UNE patina nos mesmos argumentos. Quem é crítico do PC do B, diz que há, entre os estudantes, um sentimento de que a UNE não os representa. Quem está do lado do PC do B, ataca as minorias e arrola ações para mostrar que o rumo está correto.
A matéria da Carta Capital não é ruim e é um enfoque bem diferente do enfoque da Veja. O problema é que há tempos perdeu-se a racionalidade do debate, porque, no fim das contas, o que pesa é o número de crachás para escolher a diretoria. Convenhamos, é impraticável aprofundar qualquer debate com dez mil pessoas em plenário. O máximo que se consegue é guerra de claque, onde os resultados das votações já podem ser conhecidos com razoável antecedência.
Fica a questão: Alguma entidade de massa no Brasil tem um quadro muito diferente do apresentado pela UNE? Penso que não. Todas vivem um processo de burocratização e de disputa pela máquina. A máquina da UNE tem poder e produz determinado tipo de movimento estudantil. A oposição possui outras máquinas, através das quais fustiga o domínio pecedobista na UNE. A máquina maior, vence a menor. Paralelamente, ocorrem movimentos desvinculados das direções das entidades, que constitui um outro polo do Movimento Estudantil(ME).
O ME atual é muito diferente do que foi. Apoiadores e opositores da maioria da diretoria da UNE fazem um diálogo baseado no passado. A maioria da diretoria , reivindica-se continuadora da UNE pré-64 e do período de abertura política. A minoria oposicionista, denuncia a ruptura entre a atual direção e os antigos ideais da UNE, aparentemente propondo uma retomada do fio rompido com as gestões hegemonizadas pelo PC do B. O fato, é que o passado não volta para ninguém. O PT e os grupos trotskystas, fazem uma oposição ranzinza, o PC do B, consegue fazer um movimento de ampliação e envolvimento dos estudantes para seu projeto. Oposicionistas atacam o PC do B/UJS por utilizarem métodos despolitizados e o PC do B/UJS responde dizendo que a minoria não dialoga com os estudantes reais.
É preciso separar o imaginário da UNE da "UNE realmente existente". Se acreditamos que é possível haver direção única para um movimento de massa, certamente a UNE não é direção do ME. A UNE é uma parte de um ME composto de facetas muito diversas. Tantas, que boa parte não se sente representada nem na UNE nem em nada que não seja o próprio movimento concreto.
A UNE é a máquina maior do Movimento Estudantil Brasileiro. Se um dia o PC do B/UJS for destronado
da UNE, não teremos uma grande mudança no ME nem na UNE. Simplesmente a máquina mudará de mãos.
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