De: Com Texto Livre
O hino mais famoso do mundo nasceu de um famoso momento da história universal. Mas também nasceu da mão que o escreveu e da boca que pela primeira vez o cantarolou: a mão e a boca de seu nada famoso autor, o capitão Rouget de Lisle, que o compôs numa noite.
A letra foi ditada pelas vozes da rua, e a música brotou como se o autor a tivesse dentro dele, desde sempre, esperando para sair.
Corria o ano de 1792, horas turbulentas: as tropas prussianas avançavam contra a revolução francesa. Discursos inflamados e declarações alvoraçavam as ruas de Estrasburgo.
- Às armas, cidadãos!
Em defesa da revolução acossada, o recém-recrutado exército do Reno partiu rumo à frente de batalha. O hino de Rouget deu brio às tropas. Soou, emocionou; e alguns meses depois, reapareceu, sabe-se lá como, na outra ponta da França. Os voluntários de Marselha marcharam para o combate cantando essa canção poderosa, que passou a se chamar “A Marselhesa”, e a França inteira fez coro. E o povo invadiu, cantando, o palácio das Tulherias.
O autor foi preso. O capitão Rouget era suspeito de traição à pátria, porque tinha cometido a insensatez de divergir da dona Guilhotina, a mais afiada ideóloga da revolução.
No fim, saiu do cárcere. Sem uniforme, sem salário.
Durante anos arrastou sua vida, comido pelas pulgas, perseguido pela polícia. Quando dizia que era o pai do hino da revolução, todo mundo ria na sua cara.
Eduardo Galeano, “Espelhos – uma história quase universal”.
Leia a letra do Hino
A Marselhesa
1
Allons enfants de la Patrie
Le jour de gloire est arrivé
Contre nous de la tyrannie
L'étendard sanglant est levé (bis)
Entendez vous dans les campagnes mugir ces féroces soldats
Ils viennent jusque dans vos bras, égorger vos fils, vos compagnes
Aux armes citoyens ! Formez vos bataillons !
Marchons, marchons, qu'un sang impur abreuve nos sillons.
2
Que veut cette horde d'esclaves
De traîtres, de Rois conjurés ?
Pour qui ces ignobles entraves,
Ces fers dès longtemps préparés ? (bis)
Français ! pour nous, ah ! quel outrage !
Quels transports il doit exciter !
C'est nous qu'on ose méditer
De rendre à I 'antique esclavage !
3
Quoi ! des cohortes étrangères
Feraient la loi dans nos foyers !
Quoi ! ces phalanges mercenaires
Terrasseraient nos fiers guerriers (bis)
Grand Dieu ! par des mains enchaînées
Nos fronts sous le joug se ploieraient I
De viIs despotes deviendraient
Les maîtres de nos destinées !
4
Tremblez, tyrans ! et vous, perfides,
L'opprobe de tous les partis,
Tremblez ! vos projets parricides
Vont enfin recevoir leur prix (bis).
Tout est soldat pour vous combattre,
S'ils tombent, nos jeunes héros,
La terre en produit de nouveaux
Contre vous tout prêts à se battre
5
Français ! en guerriers magnanimes
Portez ou retenez vos coups.
Epargnez ces tristes victimes
A regret s'armant contre nous (bis).
Mais le despote sanguinaire,
Mais les complices de Bouillé,
Tous ces tigres qui sans pitié
Déchirent le sein de leur mère
6
Nous entrerons dans la carrière,
Quand nos aînés n'y seront plus
Nous y trouverons leur poussière
Et les traces de leurs vertus. (bis)
Bien moins jaloux de leur survivre
Que de partager leur cercueil,
Nous aurons le sublime orgueil
De les venger ou de les suivre.
7
Amour sacré de la Patrie
Conduis, soutiens nos bras vengeurs !
Liberté, Liberté chérie !
Combats avec tes défenseurs (bis).
Sous nos drapeaux, que la victoire
Accoure à tes mâles accents,
Que tes ennemis expirant
Voient ton triomphe et notre gloire !
Versão traduzida para o português
1
Avante, filhos da Pátria,
O dia da Glória chegou.
O estandarte ensangüentado da tirania
Contra nós se levanta.
Ouvís nos campos rugirem
Esses ferozes soldados?
Vêm eles até nós
Degolar nossos filhos, nossas mulheres.
Às armas cidadãos!
Formai vossos batalhões!
Marchemos, marchemos!
Nossa terra do sangue impuro se saciará!
2
O que deseja essa horda de escravos
de traidores, de reis conjurados?
Para quem (são) esses ignóbeis entraves
Esses grilhões há muito tempo preparados? (bis)
Franceses! Para vocês, ah! que ultraje!
Que elans deve ele suscitar!
Somos nós que se ousa criticar
sobre voltar à antiga escravidão!
3
Que! essas multidões estrangeiras
Fariam a lei em nossos lares!
Que! as falanges mercenárias
Arrasariam nossos fiéis guerreiros (bis) /o:p>
Grande Deus! por mãos acorrentadas
Nossas frontes sob o jugo se curvariam
E déspotas vís tornar-se-iam
Mestres de nossos destinos!
4
Estremeçam, tiranos! e vocês pérfidos,
Injúria de todos os partidos,
Tremei! seus projetos parricidas
Vão enfim receber seu preço! (bis)
Somos todos soldados para combatê-los,
Se nossos jovens heróis caem,
A França outros produz
Contra vocês, totalmente prontos para combatê-los!
5
Franceses, em guerreiros magnânimes,
Levem/ carreguem ou suspendam seus tiros!
Poupem essas tristes vítimas,
que contra vocês se armam a contragosto. (bis)
Mas esses déspotas sanguinários
Mas esses cúmplices de Bouillé,
Todos esses tigres que, sem piedade,
Rasgam o seio de suas mães!...
6
Entraremos na batalha
Quando nossos antecessores não mais lá estarão.
Lá encontraremos suas marcas
E o traço de suas virtudes. (bis)
Bem menos ciumentos de suas sepulturas
Teremos o sublime orgulho
De vingá-los ou de seguí-los.
7
Amor Sagrado pela Pátria
Conduza, sustente nossos braços vingativos.
Liberdade, querida liberdade
Combata com teus defensores!
Sob nossas bandeiras, que a vitória
Chegue logo às tuas vozes virís!
Que teus inimigos agonizantes
Vejam teu triunfo e nossa glória.
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