Humorista corre do convite para ir ao Conselho Estadual da Condição de Feminina entender melhor os males do estupro; tremeu e tergiversou - Marco Damiani, Brasil 247 _
“Se os comediantes tiverem que responder por toda piada que fazem, não vão ter tempo pra mais nada na vida. Nem pra fazer comédia". A frase, enviada por e-mail, é de Rafinha Bastos, dirigida ao portal Comunique-se, que, por sua vez, repercutiu, sem citar a fonte, infelizmente, entrevista de Brasil 247 com a delegada Rosmary Corrêa, presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina.
“Se os comediantes tiverem que responder por toda piada que fazem, não vão ter tempo pra mais nada na vida. Nem pra fazer comédia". A frase, enviada por e-mail, é de Rafinha Bastos, dirigida ao portal Comunique-se, que, por sua vez, repercutiu, sem citar a fonte, infelizmente, entrevista de Brasil 247 com a delegada Rosmary Corrêa, presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina.
Em entrevista ao 247, Rosmary desafiou Bastos ontem a marcar uma hora para ir até a sede do Conselho e entender melhor, diante das 32 conselheiras do órgão, as conseqüências do estupro sobre as mulheres. Ele aumentou sua própria fama, pelo lado negativo, ao fazer uma piada sobre o tema, na qual diz que as mulheres “feias” deveriam agradecer pelo crime. Com 2,29 milhões de seguidores em sua conta no twitter, foi considerado pelo The New York Times, este ano, como o tuiteiro mais influente do mundo, em razão dos retornos que recebe.
Sabe-se agora que, além de influente, Bastos é tergiversador. Brasil 247, ontem, enviou uma pergunta ao twitter dele para que se pronunciasse sobre o convite, na prática um desafio. O humorista fez que não viu, não respondeu. Ao teclar hoje com o Comunique-se, porém, saiu-se com essa de que não teria tempo para mais nada se tivesse de “responder por toda piada” que faz. A justificativa é tão tola quanto muitas das bobagens que ele espalha. A presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina não convidou Bastos para responder “a toda piada”, mas sim para que ele tivesse chance de entender o mal que uma piada específica – se é que foi – pode causar – ou já causou. Uma piada específica, frise-se, sobre um crime que vitimiza milhares de mulheres no Brasil e no mundo. Bastos, jamais brilhante, perdeu com a fuga uma chance de dar a volta por cima sobre pelo menos uma de suas pisadas na bola. Absolutamente sem graça.
Leia abaixo o texto de Brasil 247 com o desafio da presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina a Bastos:
Vamos ver se Rafinha Bastos é homem. O que pode soar como uma piada é, em verdade, um desafio feito à sério. O humorista do CQC e tuiteiro mais influente do mundo, segundo o The New York Times, acaba de ser chamado pela delegada Rosmary Corrêa a estar frente a frente com ela para entender, em detalhes, o que é um estupro e quais são seus efeitos sobre o estado físico e mental nas mulheres que deste tipo de crime foram vítimas. Titular do Conselho Estadual da Condição Feminina, órgão oficial do governo paulista, Rosmary não consegue aceitar a piada de Rafinha, que ainda reverbera nas redes sociais e outros meios de comunicação: “Toda mulher que reclama que foi estuprada é feia pra c... . Reclama do que? Deveria dar graças a Deus”, disse ele, mais de uma vez, em suas apresentações de stand up comedy.
Diante de Brasil 247, em entrevista realizada há pouco, a delegada Rosmary teve a ideia de enfrentar a polêmica frente a frente com Rafinha.
“Eu convido Rafinha Bastos a marcar uma hora comigo e as demais 32 integrantes do Conselho de Defesa da Condição Feminina para que ele entenda, exatamente, o que é um estupro”, disse Rosmary, presidente do Conselho, à reportagem. “A piada que ele fez continua repercutindo, o que é uma lástima. Rafinha extrapolou da condição de humorista, fez uma frase completamente inaceitável e nefasta”.
Rosmary, que foi a primeira titular de uma delegacia da mulher no Brasil, há mais de 20 anos – hoje, só no estado de São Paulo existem 128 delas --, acredita que Rafinha não pode se recusar a aceitar. “Se ele tiver um mínimo de sensibilidade, virá até nós entender o estrago que fez com essa frase”, afirmou. “A violência contra a mulher está aumentando e, quando uma pessoa influente como ele faz esse tipo de coisa, só piora tudo”. A delegada lembrou que, tempos atrás, o Brasil não fazia parte das estatísticas mundiais de violência contra a mulher. “Mas, hoje, somos o décimo país com mais crimes desse tipo”.
Rosmary fez questão de passar, à Brasil 247, o endereço e telefone do Conselho Estadual da Condição Feminina para que Rafinha Bastos agende o encontro com ela e as 32 conselheiras. “Ele pode ligar para (11) 32 21 63 74 e falar com a minha secretária. Proponho o encontro aqui mesmo, na sede do Conselho, rua Antonio de Godoy, 122, 6º andar. Estamos esperando por ele”. É com você, Rafinha? Topa o desafio ou tremeu?
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