Li os textos de Eugênio Bucci sobre o Congresso do Partido Comunista Cubano (PCC) e o texto de Max Altaman sobre o texto de Eugênio Bucci sobre o Congresso do PCC. Não concordo com tudo o que o prof. Bucci escreveu, mas os 16 parágrafos de Altman pareceram-me pouco para contestar os nove parágrafos de Bucci.
Será um erro posicionar-se sobre o que escreveu Eugênio Bucci a partir do que disse Max Altman. Altman sai atirando, contra o neoliberalismo de Bucci, mas busca legitimar suas idéias na opinião de Catherine Ashton, isso não é coerente. Aliás, Max Altman incorre em um erro primário de tradução, deixando-se levar pelo falso cognato remarkable,coisa que até eu entendo.
Altman acusa Bucci de debochar da história, coisa que não se percebe no texto original. Ao longo de várias passagens, Altman atribui ao professor Bucci ideias que ele não explicita no texto para, na sequência, atacar as ideias que ele próprio criou. Isso não é honesto intelectualmente. Altman contesta a crítica ao “Estado geriátrico”, aludindo às multidões juvenis que vão às ruas de Havana. Desconsiderou o crítico que o próprio Raul Castro chamou a atenção para a o formalismo de algumas cerimônias revolucionárias.
É visível que o Birô Político do PCC não contempla os jovens, tão decantados por Altman, mas a defesa que ele faz chega às raias do absurdo. Segundo ele, se tivesse vencido a eleição, Serra seria presidente com 69 anos, enquanto o Birô Político do PCC cubano tem uma média etária de 67 anos. A questão é saber o que uma coisa tem a ver com a outra? Altman pôs o tucano no meio debate sem explicação nenhuma.
Quem lê o artigo de Altman somente, não fica sabendo que Bucci traçou um paralelo entre o Irã e Cuba. Por que Altman não explorou isso? Seria bem mais interessante encarar essa polêmica. Altman fugiu do tema mais espinhoso.
Lá pelas tantas, Altman, depois de colocar Serra no debate, questiona se “o ilustre professor (i.é. Bucci) acha que nos Estados Unidos o poder emana do povo quando se trata de fazer guerra, invadir países...”. Convenhamos, Bucci não expressou opinião sobre o modelo político dos EUA, mas quem não leu o artigo do professor da USP é levado a pensar que ele defendeu a política expansionista estadunidense. Não é honesto debater dessa maneira.
Falo pouco sobre Cuba, porque não a conheço. Mas conheço os argumentos dos que falam sobre Cuba. Repito, não concordo com tudo o que Eugênio Bucci escreveu, mas Cuba merecia um defensor melhor que Max Altman.
Considero que muitas das mudanças que se processam em Cuba são fruto da necessidade de sobrevivência da população. Bucci é crítico, pensa que o capitalismo só levará o seu lado perverso. Altman é um otimista, no parágrafo final do texto, reforça algo que já critiquei singelamente no meu blog, a palavra do comandante é a garantia do socialismo. Se Bucci escrevesse, há seis ou sete anos atrás, o que Castro disse no Congresso do PCC, Altman o atacaria virulentamente.
Sou simpático à Cuba, mas sou crítico. Altman é mais castrista que os Castro.
Muito bem colocado Cesar. Eu comentava recentemente tendo na lembranca o texto do Altman sobre os inimigos idolatras de Cuba.
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