Gosto do Emir Sader. Não estou entre os seus cultuadores, mas acho que ele escreve coisas pertinentes. O que me incomoda é uma certa aura de "guru da esquerda" que acabaou se associando a ele.
Sobre o caso epecífico do desconvite para assumir a Fundação Casa de Rui Barbosa, sei que a blogosfera aguarda ansiosa minha singela opinião, ainda que tardia. Então, lá vai.
Independente do pé atrás que tenhamos com a ministra, não considero adequado um futuro subordinando hierárquico dirigir-se à superior nos termos em que Sader se referiu. Mudando a perspectiva, não considero adequado um superior hirárquico dirigir-se a um subordinado nos termos em que Sader se referiu. Aliás, não considero adequado alguém dirigir-se a um adversário político nos termos em que o professor Emir Sader fez. Tratando-se de pessoas que irão trabalhar em uma mesma área do governo, a situação ainda é mais inadequada. Ou seja, não se pode estabelecer uma relação de confiança política com alguém que expressa uma ideia tão negativa sobre a gente. Sei que os muitos que se manifestaram contra o desconvite o fizeram por amor ao Emir, mas a situação não é apenas essa. Quantos dos protestantes aceitaria trabalhar com alguém que expressasse a ideia que o professor expressou sobre a ministra? O fato de ter sido na grande imprensa só piora a situação.
Aí vem o outro ponto: "a culpa foi da Folha". Poucos são tão críticos à FSP como Emir Sader. Ele sabia para quem estava falando e que, na maioria das siutações não existe "em off". O Professor dava uma entrevista à FSP e, portanto, deveria estar por dentro das regras do jogo. Autista fora do contexto é tão difícil de imaginar como racista fora do contexto. Sader manifestou-se, com razão e publicamente, contra a manifestação racista de Bornhausen e enfrentou muitas dificuldades por isso. Agora, quer apelar ao ódio à Folha para ressignificar o que disse. Pra mim não colou.
Ao que parece, as ideias dele não batem com as da ministra, mas a divergência apareceu de modo tangencial, no meio de uma entrevista. Após definida sua desnomeação, Sader argumenta que "o MINC tem assumido posições das quais discordo frontalmente, tornando impossível para mim trabalhar no Ministério, neste contexto". Ora o debate sobre o Minc e as críticas ao rumo dado pela ministra começaram na primeira semana de governo. Sader sabe disso melhor do que eu. Se a discordância com a linha do Minc é motivo suficiente para que ele não assuma um posto no Ministério, já deveria ter dito isso antes, em vez de aceitar o convite.
Sobre a transformação da Fundação Casa de Rui Barbosa como uma "cabeça de ponte" do lulismo, parece que fica por conta da vontade da FSP. A crítica ao modo de implantação dos Pontos de Cultura que Sader fez me parecem pertinentes. Mostra que nem tudo era maravilhoso na gestão anterior do Minc e os problemas que vieram à tona agora não podem ser debitados ao autismo da Ministra.
Continuo gostando do Emir Sader e tendo minhas restrições à Ana de Holanda, mas não deixo de dar minha opinião e achar que ele agiu de modo incoerente. Certamente nada disso aconteceria se Emir Sader tivesse sido escolhido Ministro.
Peqguei emprestado seu excelente artigo. Quando precisar, devolvo.
ResponderExcluirExcelente também seu blog. Já estou (per)seguindo-o e também adicionei em minha lista.
Abs!