Entre os que se manifestaram contra Bethânia e o MinC, grande parte não sabe que o que ela obteve foi a autorização para arrecadar. Outra parte, uns 99,99% provavelmente, ou mais, não leu o projeto para saber se o recurso é necessário ou não. Eu, por exemplo, posso fazer um blog com poesias de minha autoria e de outros. Poderia gravar vídeos, declamando as obras e cantando músicas de minha autoria e de outros músicos, enfim. Para isso, pediria um apoio e, certamente receberia...nada.
Outra questão importante a esclarecer é que, por força de lei, todas as renúncias fiscais devem constar no Orçamento. Portanto, já existe, desde a aprovação do Orçamento da União, um limite das isenções a serem oferecidas. Ou seja, há um limite para a concessão dos benefícios dados pela Lei Rouanet. Não basta chegar e apresentar um projeto.
Os sábios do PRBS já decretaram que Maria Bethânia poderia pedir apoio de empresas sem recorrer a incentivos fiscais. Eles fingem que acreditam que os empresários brasileiros patrocinam alguma coisa sem receber vantagens em troca. É isso que torna as leis de incentivo questionáveis, pois os patrocinadores direcionam seu apoio ao que lhes renda boa imagem e isenções substantivas. Assim, acabam servindo como instrumento de concentração de recursos e, dizem, sonegação fiscal, pois os projetos são orçados a maior e a parte que sobra devolvida ao "mecenas".
Não sei se o projeto da Maria Bethânia é bom ou se vale R$ 1,3 milhão. Só acho que tem muita gente falando coisas demais sabendo menos do que eu.
Um bom artigo sobre o tema pode ser lido no Blog do Jorge Furtado.
Escrotidão
ResponderExcluirEstá duro de engolir essa coisa do Blog da Bethania.
Quem é contra é taxado de ignorante, mau-caráter ou idiota.
Pois eu sou radicalmente contra e não sou nenhum dos três.
Pode parecer pouca coisa, mas não é. São estas pequenas coisas, que são mais difíceis de situar se certas ou erradas, que acarpetam o corredor por onde correm lépidos nossos grandes corruptos.
Vejamos, um blog centrado em poesia.
Ótimo. É minha praia. Hoje, com mais idade, dei todos meus livros de ficção e ciências humanas para escolas.
Só guardei os de poesia. Nejar, Junqueira, Pessoa, Quintana, Drummond, Milano, Tolentino, etc..., etc...
Tem sempre uma meia-dúzia na mesa de cabeceira. Pode-se dizer que sou taradão por poesia.
Mas nesse caso vou fugir do blog da Bethania como o Diabo da cruz. E se alguma url marota me levar pra lá, eu saio rápido.
Por que?
Não ignoro o que seja a Lei Rouanet. Pode ter problemas. Mas é melhor que exista do que nada.
Mas esse caso é um uso estapafúrdio da Lei. Até mesmo os custos são absurdos.
Vejamos.
A grande dama de nossa MPB se habilita a pegar dinheiro público (porque é isso que isenção fiscal é).
E essa grande dama é intima e parceira do ex-ministro da Cultura e relacionada com a atual ministra, cujo irmão fez campanha para o atual partido do governo. Alguém assim, não deve, não pode pedir dinheiro público, e caso peça deve ser negado. .
Peraí... Não soa mal, não? Algo assim como se Sir Paul McCartney pegasse algum do contribuinte inglês para financiar uma turnê, ou Spielberg pedisse ao Barack para financiar seu novo filme?
Pois pra mim parece. Bem esquisito. Legal pode ser, mas é também amoral.
O Lobão fala demais, sabe-se. Mas a expressão que ele usou caiu como uma luva. Isso tem todo jeitão de chapa-branca, de carteirada. Tipo "vocês sabem com quem estão falando?". Me espanta que a classe artística fique na moita, caladinha.
Os argumentos de quem defende são uma graça. Falam da necessidade de poesia e outras amenidades.
A essa gente eu queria deixar o dito lapidar de São João da Cruz: "Ele (o Diabo) sabe tudo que há de divino".
Como disse sou radicalmente contra. E acho o caso muito sério. E tenho autoridade pra dizer isso. Não sou ignorante. Não sou mau-caráter. Sou um leitor voraz de poesia e alguém que trabalhou profissionalmente com Internet desde o seu berço e já fez algumas dezenas de sites, blogs e tudo que se possa imaginar de aplicações Web.
Pegou mal, gente. Muito mal. E o pior é que tenho certeza que vocês já sabiam que ia acontecer. Imagina se gente com a ligeireza de raciocínio do Gil ou Caetano não pensou nisso antes...
Mas é daí, né? Em uma semana não se fala mais nisso.
Pra mim, a palavra que melhor define esse caso é essa que usei no título: escrotidão...