Do site do IHU
Em todo o Brasil, apenas 5,7% das escolas públicas do ensino fundamental alcançaram 6,0 no Ideb, nota vista como sinônimo de qualidade. Seis é a média registrada em países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e foi adotada pelo MEC como objetivo para ser alcançado no País até 2021.
A reportagem é de Ligia Formenti e Marta Salomon e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 05-07-2010.
No segundo ciclo do ensino fundamental (da 5.ª a 8.ª série), só 109 escolas (0,3%) atingiram índice 6,0. Delas, 28 estão no Estado de São Paulo e só uma na capital: a Escola de Aplicação da Universidade de São Paulo. Das 34.643 instituições analisadas nessa etapa, 6 tiraram nota maior do que 7,0. Deste grupo, três são colégios militares: de Santa Maria (RS), de Salvador (BA) e de Campo Grande (MS).
Para secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda, os resultados não surpreendem. "O aumento das escolas com bom desempenho será gradativo. Sabíamos que, nesta terceira edição, o grupo de excelência ainda seria reduzido", admitiu. Ela também considera esperado o destaque dos colégios militares, cujos alunos são submetidos a uma seleção prévia. "Alunos dessas instituições têm perfil diferenciado porque passam por um processo seletivo."
Nos anos iniciais do ensino fundamental, de 1.ª a 4.ª séries, mais escolas obtiveram nota maior ou igual a 6,0 -foram 3.235 escolas, ou 6,7% do total. Neste caso, nenhuma está localizada na cidade de São Paulo. As dez melhores do País nessa etapa ficam fora das capitais. Técnicos do MEC avaliam que há uma probabilidade de as escolas terem bom desempenho se estiverem em comunidades com nível de renda e escolaridade mais elevado, mas essa não é uma condição indissociável para a qualidade da educação.
De 1.ª a 4.ª séries, 19 escolas tiveram nota acima de 8,0; 10 delas são do Estado de São Paulo. A mais bem colocada também é paulista: Escola Municipal Aparecida Elias Draibe, em Cajuru. Concentração. Algumas cidades se destacam por concentrar várias escolas de qualidade. Para a etapa de 1.ª a 4.ª série, Sobral, no Ceará, é um excelente exemplo nordestino, região com as piores notas gerais: 38 das 39 escolas obtiveram nota 6,0 ou mais. Em números absolutos, a cidade do Rio de Janeiro é a primeira, com 73 colégios com Ideb 6,0 ou mais, seguida por Curitiba, com 56.
Entre os bolsões de qualidade, uma outra cidade paranaense aparece. Apenas na rede municipal de Joinville, Santa Catarina, estão seis escolas das escolas de 5.ª a 8.ª série com nota superior a 6,0. Em São José dos Campos, São Paulo, estão outras quatro.
Com todos os dados do Ideb 2009 em mãos, técnicos do MEC partem agora para uma análise mais profunda das experiências de sucesso, com o objetivo de multiplicá-las. "A média obtida na escola não pode ser considerada isoladamente. Temos de levar em conta o nível socioeconômico dos estudantes das instituições", afirma Maria do Pilar.
Como tradicionalmente o desempenho dos alunos é melhor em lugares mais ricos, o MEC deve estudar com atenção casos de sucesso em locais com índice econômico mais baixo. "A ideia é tentar aprender com essas experiências, identificar estratégias novas que possam ser replicadas em outras instituições", conta.
Um trabalho recente feito com Unicef em escolas localizadas em regiões mais pobres com bom aproveitamento escolar identificou pontos em comum. "Essas escolas apresentavam excelente direção e projeto pedagógico, professores engajados, alta participação da comunidade", diz Maria do Pilar.
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