Dustin Hoffman, o anti-herói mais atraente da história do cinema americano, é uma das personalidades que boicota o festival internacional de cinema que abriu as suas portas esta quinta-feira em Jerusalém. Artigo CAPJPO-EuroPalestine.
Numa declaração ao Jerusalem Post, o patrão do certame, Molad Hayo, indica que a actriz americana Meg Ryan, outra estrela de Hollywood, não se deslocará.
O príncipe Albert de Mónaco, convidado no âmbito de uma homenagem do festival à sua mãe, a falecida Grace Kelly – que, seja dito de passagem, teve gestos de solidariedade para com os combatentes da independência argelina, no final dos anos 1950 – também desistiu.
«Nenhuma dessas personalidades nos deu oficialmente motivos para esses cancelamentos. Mas fomos avisados logo no dia a seguir ao ataque contra a Flotilha e é evidente que existe uma relação de causa a efeito entre esses acontecimentos», comentou Hayo.
Molad Hayo queixa-se. Argumenta a favor da sua actividade «que tem o mérito de ter posto em contacto desde há vários anos cineastas palestinianos e israelitas». Mas é no entanto obrigado a constatar que o mundo cultural israelita, a partir do momento em que se coloca sob a alçada do Estado de Israel – o que é evidentemente o caso do festival –, não se pode alhear dos crimes do seu governo. A não ser demarcando-se abertamente, o que fazem vários intelectuais israelitas corajosos, mas não Hayo.
Com 73 anos de idade, Dustin Hoffman ganhou a partir de 1970 uma popularidade imensa por interpretar no grande écrã personagens nos antípodas do herói de Hollywood tradicional, que são os cowboys musculados a matar os selvagens dos índios Peles-Vermelhas ou soldados valentes triunfando sobre astuciosos homenzinhos amarelos com cabeça de macaco que eram os japoneses. De «Little Big Man" a "Tootsie", passando por "Macadam cow-boy" ou "Rain Man", Dustin Hoffman tornou-se assim, aos olhos de milhões de espectadores, o mais glorioso dos perdedores da sociedade: Índios sobreviventes do genocídio, sem-abrigo, doentes, desempregados, etc.
Dustin Hoffman é de origem judaica e, em entrevistas recentes, declarou que, com a idade, a sua prática da religião se fazia mais assídua. Isso não impedirá muitos de o tratarem de antisemita, como o “são” todos os que criticam a política israelita.
Digo eu: sempre fui fã desse cara.
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