Por Luciano Martins Costa em 10/6/2010 | |
Há um grande descompasso entre alguns dos principais jornais brasileiros e a imprensa internacional de maior reputação, na análise das sanções determinadas pelo Conselho de Segurança da ONU contra o Irã. Enquanto jornais como o Estado de S.Paulo e o Globo declaram, em manchete, que a decisão deixa o Brasil isolado, publicações internacionais de grande prestígio observam que o governo brasileiro tinha razão ao afirmar que as sanções não irão produzir os resultados esperados. Escorre de parte da imprensa brasileira um verdadeiro ranço de inferioridade, a decretar que o Brasil cometeu uma trapalhada no episódio e acabou isolado. Assinantes de boletins online de publicações européias e americanas ficam sabendo, por exemplo, que as sanções não devem produzir mudança na posição do governo iraniano e que a decisão do Conselho de Segurança não exclui a necessidade de novas medidas no futuro próximo. Dessas análises se conclui que a continuidade das negociações se torna possível porque o apoio do Brasil e da Turquia reduziu o isolamento do Irã, como observa o conservador Washington Post. O britânico Financial Times destaca que turcos e brasileiros se apresentaram como negociadores confiáveis. Papel relevante O resumo do noticiário internacional publicado pela Folha de S.Paulo na coluna "Toda Mídia" (10/6) mostra um viés completamente oposto ao que a grande imprensa brasileira adota sobre o assunto. A Folha é o único dos chamados grandes jornais de circulação nacional que não aposta na tese do isolamento de Brasil e Turquia. Como a decisão do Conselho de Segurança não exclui novas negociações antes de uma atitude de força contra o Irã, existe grande possibilidade, segundo analistas citados pelo jornal, de que brasileiros e turcos sejam convocados a exercer um papel de destaque em futuras rodadas, uma vez que se apresentaram como interlocutores de confiança para ambos os lados. A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, declarou que o Brasil e a Turquia votaram contra a decisão do Conselho de Segurança para manterem as portas abertas com o Irã, e que os dois países terão um papel importante a cumprir nas negociações. A tese do isolamento brasileiro soa como mais uma picuinha da imprensa, ou de parte dela. |
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